Mais que um evento especial, um retrospecto dos
30 anos de carreira do estilista Lino Villaventura. Assim foi o desfile apresentado na última quinta-feira,
18, no
shopping Boulevard, em
Belém, cidade natal de Lino e de onde, certamente, vieram suas primeiras inspirações para criar uma moda autêntica e que conquista admiradores até no
Oriente Médio.
Sob a organização de
Paulo Borges, o desfile apresentou grandes modelos de Lino, desde os criados nos anos de
1990 e lançados nas passarelas do
Morumbi Fashion, - evento embrionário do que hoje é a
São Paulo Fashion Week -, até às recentes
coleções Inverno 2010 e
Verão 2011 (
Luxury Spring Summer). Esta última com seus modelos de tecidos retorcidos, repletos de molas e meias coloridas. Aliás, cor é uma marca forte no trabalho de
Lino Villaventura e isso pôde ser visto bem de pertinho no desfile do Boulevard. Um exotismo não exagerado, mas na medida certa com cores sóbrias como o preto, o marrom e o cinza.
Foram 46 modelos no total, entre femininos e masculinos. Para vestir as criações tops de pompa internacional como Viviane Orth, estrela da SPFW nos últimos três anos, além de modelos locais que tiveram a oportunidade de desfilar peças de um dos mais importantes estilistas brasileiros, a partir dos anos de 1980.
O momento também foi de retorno às raízes para Lino Villaventura que emocionou-se ao final do desfile e ao receber o carinho de amigos e fãs paraenses. Criado entre os bairros do
Umarizal e da
Cidade Velha, Lino diz que adora vir à Belém e observar os paralelepípedos da
avenida Tamandaré, seu último endereço, até mudar-se para o Rio aos 18 anos e, posteriormente, para Fortaleza. Ele é apaixonado pelos casarões da Cidade Velha, mas disse, com o exclusividade ao
Degradê da Moda, que está triste com o descaso dado aos prédios que adorava admirar quando menino. “Não gostei de ver o patrimônio histórico se perder, abandonado, mas tenho esperança que projetos como o Monumenta retornem à cidade para recuperá-lo”.
Hoje é difícil discutir, e os
pensadores e criadores da moda recusam-se a afirmar, que existe uma moda brasileira. Mas o certo é que não importa qual seja o local da passarela, se
Belém do Pará ou
Paris. Por onde desfilarem modelos de estilistas como Lino, sempre se identificará um detalhe de brasilidade, seja nas cores, no design, nos tecidos e em outros materiais usados para compor a peça. “Sou descendente de holandeses e índios”, orgulha-se Lino, cuja família é natural de
Soure, na
Ilha de Marajó, terra natal de outro
ícone da moda brasileira:
Dener Pamplona de Abreu. Quem sabe dessa origem venha a miscelânia de culturas brasileiras, tão peculiar às suas criações.
Confira a seguir alguns clicks do desfile by
revista Sopro/Isaac Lôbo:
Viviane Orth abre o desfile com um longo negro
Luxo, sol e cor: look da coleção Verão 2011
Suspensórios e preto, detalhes muito presentes na moda masculina do estilista
Chapéus extravagantes, inspirados e pássaros e borboletas: um destalhe a mais no Inverno 2010 de Lino
Aplausos para ele!
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E o Degradê da Moda dedica este post a quatro jovens amantes da moda: Thiago Santos, Juliene, Daniela e Rafael. Todos são fãs de Lino Villaventura e dizem que após ver o desfile do ídolo sentiram-se mais incentivados a trabalhar com moda, desenhando croquis, desfilando e customizando peças. Beijos ao grupo!