domingo, março 07, 2010

Filme de Tom Ford estreia no Brasil

Foto: Divulgação

Direito de Amar estreiou na última sexta-feira, 5, no Brasil, e a editoria de Cinema do site G1 publicou uma matéria especial sobre o assunto, inclusive com Tom Ford falando de suas memórias cinematográficas e de sua vida pessoal, que o influenciaram na concepção do longa. Tomara que o filme não demore a chegar no Norte e Nordeste do país, assim como aconteceu com Coco Avant Chanel.

Bom final de domingo a todos!

'Ser estilista é interessante, mas um filme é para sempre ', diz Tom Ford
Ex-designer da Gucci estreia como cineasta em adaptação de romance gay.
Filme, traduzido como ‘Direito de amar’, entra em cartaz nesta sexta (5).

Ele é um superstar do mundo da moda. Antes dos 30, o estilista americano Tom Ford já era considerado gênio por ter reerguido com sua linha de roupas e acessórios a grife Gucci, que amargava franca decadência nos anos 90. Não satisfeito, assumiu o comando de dois gigantes fashion: a maison Yves Saint Laurent e a Balenciaga. Milionário e bem-sucedido, Ford também é figura constante em rankings que listam as celebridades mais sexies.
Hoje, aos 48, o “príncipe da moda” quer – ainda – mais. O designer levou seu apuro estético para o cinema, na adaptação do romance “A single man”, de Christopher Isherwood. O filme, que estreia no Brasil nesta sexta (5) com o equivocado título “Direito de amar”, está na lista de indicados ao Oscar na categoria melhor ator, para o inglês Colin Firth.
“O mundo da moda não me traria plenitude e nem me faria revelar tudo o que tenho a dizer”, explicou Ford em entrevista realizada em Los Angeles da qual o G1 participou. “Ser estilista é interessante, mas as criações são passageiras. Um filme é para sempre”.
A história escolhida, de certa forma, também é recorrente na vida do neocineasta. George (Firth) é um professor universitário de meia-idade que decide se suicidar por não suportar a perda de Jim (Matthew Goode), seu companheiro por 16 anos, morto em um acidente de carro. Todo o filme se passa neste último dia do protagonista, que se despede do mundo e de amigos, como a doidinha Charley (Julianne Moore, brilhante).
“Li o romance pela primeira vez aos vinte e poucos anos. Na época, George me tocou por sua dor, sua humanidade, seu charme”, conta Ford, casado com o editor de moda Richard Buckley há 23 anos. “Eis que um dia, reli a história, e o personagem me tocou de uma maneira totalmente diferente. Acho que o que mudou foi a minha perspectiva de quarentão”.

Memórias
Ford remexeu o baú familiar ao incluir toques pessoais na trama de Isherwood. Caso da cena em que George deixa preparada a roupa com que quer ser enterrado. “Um de meus parentes cometeu suicídio. Ele deixou separado o terno Gucci que eu tinha dado de presente com as abotoaduras ao lado de uma carta à esposa, explicando seus motivos”, relembra.
Memórias menos trágicas também aparecem em cena. “A garotinha loira do filme é uma imagem da minha irmã”, diz ele se referindo à personagem fofa Jennifer (Ryan Simpkins). “Como um gay que cresceu no Texas, eu estava sempre cuidando do cabelinho dela, aplicando gemas para deixá-los mais macios”.
Apesar do que o título dado no Brasil possa levar a concluir, “Direito de amar” não é uma trama centrada no preconceito contra os gays. “É um romance que não levanta bandeiras, um drama humano. Poderíamos ter contado a mesma história se George fosse hétero, sua esposa morresse em um acidente de carro e o futuro para ele começasse a parecer doloroso demais”, opina.

Cinéfilo
Ford deixa claro que é um cinéfilo ao trazer para “Direito de amar” elementos autorais de seus novos “colegas”. O tempo fragmentado e a fotografia lembram filmes como “Amor à flor da pele” e “2046”, do chinês Wong Kar Wai – de quem o estilista diz ser fã, bem como do austríaco Fritz Lang, também citado entre os favoritos.
Uma enorme foto de umas das cenas de “Psicose” e um cartaz de “Tudo sobre minha mãe” aparecem em momentos distintos do longa. “Para mim, assistir aos filmes é esquecer que os diretores são pessoas reais. É como se você estivesse em um universo paralelo. Decidi então criar meu próprio universo.”
Ford explica que a vontade de criar “seu” universo também está relacionada ao fato de o sucesso ter vindo ainda na juventude. “Ter conquistado a fama muito jovem também fez com que a crise da meia-idade chegasse mais cedo. Empreguei tanto do meu tempo criando algo material que negligenciei meu lado espiritual”, avalia.
“Fazer o filme me fez ver o que é realmente importante. Tenho vivido romanticamente com a mesma pessoa há 23 anos, o que, além da minha nova carreira de cineasta, é a coisa pela qual sinto mais orgulho”, revela Ford.

Texto:
Dolores Orosco e Paoula Abou-Jaoude

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